de como eu queria uma menina!

No dia 20 de maio de 2007, já tinha 20 semanas de gestação completas... e ainda a incógnita de saber o que era, o Murilo ou a Letícia...
Em uma consulta de pré natal, Dr. olhou atentamente a ultrassom e me disse: acho que é uma menina!!!!!! Eu falei, Meu Deus como assim? O Senhor jura por Deus??? Ele disse que não jurava, mas que era 99% de chance de ser a Letícia. Fiquei extremamente emocionada, será que eu ia conseguir realizar os dois maiores sonhos da minha vida? Ser mãe e mãe de uma menina? Não consegui conter as lágrimas diante das cenas que se passavam na minha cabeça, deitada ali, a barriga gelada de gel, não ouvi mais uma palavra que o médico dizia... imaginei lacinhos, tudo cor de rosa... sai de lá já com a certeza, eu seria mãe de uma princesinha.
Mas no dia 01/06 filha eu tive a confirmação, no ultrassom morfológico foi comprovado que você era você, a Letícia, antes que o médico pudesse dizer qualquer coisa eu disse: é uma menina né! Era e é! A minha menina! Daquele dia em diante nos tornamos mais íntimas, te chamava pelo nome, decoramos o seu quartinho, compramos as suas roupinhas, os bordados passaram a traçar seu nome em tudo que é pedaço de pano... Letícia! O nome do amor das nossas vidas! Minha e do seu pai.
Desde meus 8, 9 anos eu sonhava em ser mãe de uma menina, o que se intensificou ainda mais com a chegada das duas sobrinhas, não sei o motivo dessa identificação toda, como seria uma gestação única, Deus me presenteou, com uma linda menina.

As pessoas ligavam e perguntavam de você, sem ao menos terem visto sua carinha, chegavam presentes com Letícia escrito no embrulho, você começava a passar de vida de dentro da barriga, pra gente aqui de fora... eram intermináveis noites sem sono, imaginando como seria seu rosto, em um sonho a imagem se aproximou muito do que você é... era tanta vontade de te ver que os dias pareciam não querer passar... mas passaram, passaram e você surgiu de dentro de mim, pro mundo! Pra gente!

Hoje eu consigo entender porque eu precisava ter você, porque eu precisava de uma menina. Eu tinha que ter a minha prorrogação, os meus dois tempos de quinze minutos, a minha calda, a minha cobertura, o meu acabamento...

Eu nasci pra ser mãe, isto é um fato, mas eu nasci pra ser sua mãe filha! Assim como nasci pra me casar com seu pai...

Temos tanto em comum, amamos o mesmo homem, temos a mesma inicial, temos o mesmo nariz, somos extremamente sensíveis e eu espero que você herde meu bom gosto musical e herde do seu pai o gosto pela vida, já que ele sabe viver muito mais que eu.

Mas de qualquer forma filha, espero que você realize na sua vida, pelo menos uma vez, um grande sonho, como o seu nascimento foi pra mim!

de como eu te esperei...

Filha, foram 37 semanas completas da sua concepção até você chegar no mundo, até eu olhar pra você pela primeira vez.
Eu leio e acompanho um blog incrivel chamado Para Francisco (parafrancisco.blogspot.com), onde a Cris mãe do Francisco escreve coisas pra nunca se esquecer do pai dele, que faleceu subitamente... decidi criar este blog pra você, simplesmente porque o tempo está nos roubando momentos mágicos, tá passando depressa demais, ontem você morava aqui dentro, hoje, anda, fala, é uma pessoinha...
Associo cheiros a fatos, hoje me veio um cheiro de sabonete que me lembrou da minha gravidez, todo dia lá pelas 15 horas, tinhamos um encontro sagrado no sofá da sala, eu tinha que repousar e ficava ali conversando com você, eram longos papos, lágrimas caiam dos meus olhos todas as vezes, eu queria passar pra você que eu te amava tanto, mas tanto, que nem sabia mais como era minha vida antes de engravidar, sentia seus movimentos, alguns calmos, outros agitados e assim passavámos nossas tardes de inverno, nos meses de junho, julho, agosto...
Meu corpo se transformou em algo sagrado, era sua casa... você precisava de mim pra poder viver e hoje eu preciso de você pra respirar.
No dia que o Dr. tirou você de dentro de mim eu te olhei e senti que você não saiu... você apenas passou a viver, respirar aqui fora, aqui dentro é e sempre será sua casa filha.
Sei que também vivo dentro de você. outro dia na sala, assistindo Cocoricó, fiquei quieta, olhando pra parede e você veio devagarzinho, falou assim: Abaçoo, com os bracinhos abertos, me beijou e abraçou... de alguma forma você interpretou o que eu sentia.
E nada mais respira em mim se não for por você.
Te amo meu grande amor!